Disciplina - Filosofia

Introdução à Ética em Aristóteles

Conteúdo: Ética

Passe a seguinte citação no quadro de giz:

No pensamento aristotélico, a excelência do caráter, que define a disposição de agir, é produzida pelo hábito: tal como se aprende a tocar piano. Do mesmo modo, o homem se torna justo pela prática constante de atos justos.(BARROS, s.d., p. 20)

Forme grupos de até quatro alunos e oriente a discussão dos estudantes com seus colegas: com base na vivência do cotidiano escolar, sobre o que se tem observado em relação às posturas pedagógicas dos professores, seus comportamentos e os dos alunos, colegas de classe, fazendo um contraponto com o pensamento aristotélico:

O discurso exposto pelo realismo aristotélico*, considerava o universo como ordenado por leis constantes e imutáveis. Essa ordem rege não só fenômenos naturais, mas também os de ordem política, moral ou estética. Alegando existir uma ciência "primeira", a metafísica, que estuda o ser e procura enunciar que essa ordem torna inteligíveis todos os fenômenos.
Neste cenário, a teoria ética filosófica objetiva estabelecer o bem tanto ao individuo quanto à sociedade num todo. Então, o comportamento ético é o que se considera prudente. Porém, uma questão central que a moral e a ética tratam, e que é muito difícil de responder, é "como devo agir para com os outros?". A visão sob a ética na filosofia grega clássica se faz mais empírica, claramente exposta nas obras de Aristóteles. (FE RREIRA, 2009)

…os homens tornam- se arquitetos construindo e tocadores de lira tangendo seus instrumentos. Da mesma forma, tornamo-nos justos praticando atos justos. (ARISTÓTELES, II)

A ética, segundo Aristóteles, serve como condução do ser humano à felicidade, no sentido mais amplo da palavra. E é em toda interação, na dinâmica do convívio social, que se possibilita transparecer os valores éticos e morais humanos, assim como o desenvolvimento destes.
Aristóteles acreditava que o exagero é motivador para a criação de conflitos com outros indivíduos ou com a sociedade, e enquanto tal pode afetar o nosso caráter, com isso os excessos prejudicam a imagem do homem social. E é na observação e reflexão de tais fatos que irá surgir, originar-se a doutrina do justo meio, onde a virtude intermedia pontos extremos, os vícios ou defeitos de caráter. O comedimento, a moderação, o afastamento do excedente vem para amparar a conduta virtuosa. (FERREIRA, 2009)

Virtude (lat. Virtus). [...] Em um sentido ético, a virtude é uma qualidade positiva do indivíduo que faz com que este aja de forma a fazer o bem para si e para os outros. [...] Na filosofia moderna, a palavra "virtude" passou a designar a força da alma ou do caráter. Neste sentido moral, designa uma disposição moral para o bem. [...] a coragem, a justiça, a lealdade. (JAPIASSÚ; MARCONDES, 1996, p. 271)

Em, A Ética a Nicômaco, principal obra de Aristóteles sobre ética, o pensador esclarece que a finalidade suprema que governa e justifica a maneira do ser humano conduzir seus atos e sua vida é a felicidade, que não está correlatada com os prazeres, nem implicita nas honrarias recebidas pelo ente agraciado, mas numa vida repleta de posturas e comportamentos virtuosos. E o homem dotado de prudência e habituado ao exercício de tal, encontra no justo meio entre os extremos de seus atos e decisões a virtude.
Então, seguindo a concepção do realismo aristotélico de que uma ordem subjacente rege as coisas, a virtude aparece como a medida determinada por esta ordem e pelos fins que a sobredeterminam visando o desenvolvimento pleno do ser humano. (FERREIRA, 2009)

Costuma-se dizer que nada há que acrescentar nem tirar nas coisas bem-feitas, considerando-se que o excesso ou a falta destrói a perfeição e a justa medida a con serva [...]. E a virtude que é mais perfeita e melhor que toda a arte, do mesmo modo que a natureza, tenderá para o meio. [.. .] Chamo meio da coisa o igualmente distante dos extremos, que é um e idêntico para todos, meio a respeito de nós, o que não é excesso nem falta. E este não é único nem idêntico para todos". (ARISTÓTELES, III)

"A virtude é uma disposição adquirida voluntariamente, consistindo, em relação a nós, em uma medida, definida pela razão conforme a conduta de um homem que age refletidamente. Ela consiste na medida justa entre dois extremos, um pelo excesso, outro pela falta". (ARISTÓTELES, VI)

* Representa, na Grécia antiga, ao lado das filosofias de Sócrates e Platão, uma reação ao discurso dos sofistas

Roteiros


Anote as conclusões do grupo para serem apresentadas, logo a seguir na discussão circular.

Vamos nos organizar em forma de círculo, para apresentar as discussões dos grupos. Procure anotar em seu caderno os principais questionamentos abordados.

  • Diante do que foi exemplificado, com que base teórica pode afirmar que este ou aquele comportamento, atitude, postura pedagógica é a mais correta?
  • Quem está certo?
  • Podemos tomar partido em uma discussão entre alunos e professor?
  • Temos o direito de invadir a privacidade das pessoas?
  • Somos livres até que ponto para expressar nossas idéias e sentimentos, principalmente em sites e locais públicos?
  • O que Aristóteles discute sobre este tema?
  • Qual o papel da virtude?

Sugestões de Leituras e Pesquisa


Para o professor:

  • BOTO, Carlota. A ética de Aristóteles e a educação. Disponível em http://www.hottopos.com/videtur16/carlota.htm acessado em 12/09//2008 as 18h30min.
  • GALVÃO, Roberto Carlos Simões. A conseqüência ética da negação do inconsciente em Sartre. Disponível em http://www.datavenia.net/artigos/aconsequenciaeticadane gacaodoincoscieneemsartre.html acessado em 12/09/2008 às 12h30min.
  • PIGATTO, Lisete Maria Massulini. Ensaio sobre a educação ética ou estética na escola. Disponível em http://www.educacionenvalores.org/article.php3?id_article=1438 acessado em 29/98/2007 às 22h.

Para os estudantes:

  • A ética de Aristóteles e a educação: Reflexões: da ética aristotélica para a ética na sociedade brasileira atual – Adriano Rodrigues Ferreira. Disponível em http://www.webartigos.com/articles/6702/1/reflexoes-da-etica-aristotelica-para-a-etica-na-sociedade-brasileira-atual/pagina1.html acessado em 12/09/09
  • Ética para meu filho – Fernando Savater, da Editora Planeta Brasil, 2005. É um livro que pretende discutir ética com os jovens. O autor parece dialogar com seu filho adolescente ao longo do texto, evitando ao máximo o tom didático-escolar. Ele próprio afirma que sua obra não é um manual de ética para alunos do ensino médio, mas um livro provocador de reflexões muito adequado a esses alunos. Fernando Savater discute o que é ética e a relatividade daquilo que consideramos “bom” ou “mau”. Ele mostra como ordens, costumes e caprichos nos tiram a liberdade e como devemos nos esforçar para descobrir e fazer o que realmente queremos, o que nos deixa feliz e o que nos faz sermos humanos, no sentido mais ético do termo. Para enriquecer ainda mais essa obra, há no final de cada capítulo citações de filósofos famosos relacionadas aos temas discutidos.

Esta atividade foi extraída da aula Introdução à Ética, da professora Rosangela Menta Mello, de Telêmaco Borba/PR, disponível no Portal do Professor/ MEC e acessada em 12/07/2013. Todas as informações contidas nela são de responsabilidade da autora.
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