6º Congresso Brasileiro de Filosofia da Religião | |
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Início : Terça-Feira 27 Outubro 2015, 8:00 Fim : Sexta-Feira 30 Outubro 2015, 22:00 |
Informação de contato Universidade de Brasília, Brasília – DF |
Email : filosofiadareligiao@hotmail.com URL : http://abfr.org/ |
Espiritualidade HojeAssociação Brasileira de Filosofia da Religião – ABFR GT de Filosofia da Religião – Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF) Segundo o filósofo jesuíta brasileiro Henrique Vaz (1991, pp. 183-4), “espírito” se referia a quatro ideias na filosofia antiga e medieval: 1) o poder que move e mantém vivos os organismos e em atividade a natureza inteira (pneuma); 2) a atividade teórica, que tenta entender tanto a natureza objetiva quanto a cultura humana (nous); 3) a ordem que estrutura o universo e torna o cosmo inteligível (logos); 4) a autoconsciência, ou seja, a capacidade de ser consciente de si mesmo como uma unidade profunda, para além das mudanças empíricas (synesis). Essa visão da filosofia clássica estava muito sintonizada com uma visão de mundo religiosa, uma vez que o ser humano e os animais sentientes eram vistos como “espíritos no mundo”, ou seja, como espíritos em um modo limitado apenas. Para tanto a sabedoria filosófica quanto a sabedoria religiosa, a espiritualidade era inteiramente concretizada em Deus em primeiro lugar. Em outras palavras, “espírito” era visto como a própria condição de possibilidade para que algo existisse ou fosse conhecido, e isso se refletia na natureza e na humanidade, mas em termos últimos se referia a Deus como o fundamento final de tudo. Embora a concepção acima fosse partilhada pelos primeiros representantes da revolução científica moderna (Copérnico, Kepler, Galileu e Newton, principalmente), a filosofia moderna, especialmente a partir do século XVIII, começou a pôr em questão o conceito clássico de espírito. O naturalismo científico, em sua tentativa de se tornar a visão científica de mundo, rejeitou o conceito clássico argumentando que este não estava nos limites do método científico. E assim, de Hume em diante, os filósofos que se diziam falar de acordo com a nova e bem sucedida atividade científica defendiam que “espiritualidade” não era mais uma ideia com sentido. Ao fazê-lo, esses filósofos não apenas advogavam uma nova maneira de fazer filosofia – a “moderna”, em oposição à filosofia antiga ou clássica – mas também colocavam a religião em questão como uma atividade não científica e uma visão de mundo irracional. Contudo, muitos filósofos e teólogos hoje estão questionando as alegações do naturalismo científico. Será que podemos mesmo abdicar do conceito de espiritualidade sem maiores consequências para compreender a natureza, o ser humano e a própria atividade científica? Estariam as ciências naturais realmente em oposição à espiritualidade ou o problema é com uma teoria filosófica específica, nomeadamente, o naturalismo? Em vista da pluralidade de culturas e visões de mundo, poderíamos ainda falar de uma “natureza humana”? Se sim, seria a natureza humana apenas uma questão biológica? Ainda faz sentido atribuir aos seres humanos uma dimensão espiritual? Caso positivo, em que sentido? As religiões mundiais em geral atribuem aos seres humanos um caráter espiritual ao ser humano, mas elas teriam algo em comum quanto a isso? Que contribuições os conceitos pressupostos nas religiões tradicionais nos trazem para entender a dimensão espiritual (se é que o trazem) da natureza humana (se é que podemos falar que essa exista)? Por outro lado, alguns pensadores veem na cultura moderna (entendida como o conjunto de valores e concepções acerca do mundo predominantes nas sociedades urbanas e industriais) não um declínio na espiritualidade, mas um crescimento. O que estaria em declínio seria a religião e não a espiritualidade (cf. Heelas e Woodhead, 2005). Outros ainda pensam que a busca por espiritualidade nas sociedades modernas é algo relacionado à saúde mental num mundo cada vez mais dominado pelo stress e pelo materialismo (cf. Cook, Powell e Sims (eds.), 2009). Seria a espiritualidade compatível com a cultura moderna? Em que sentido de “espiritualidade” e de “cultura moderna”? Teria a busca por espiritualidade nas sociedades modernas algo a ver com a saúde mental? O que a Psiquiatria e a Neurociência têm a dizer sobre a espiritualidade hoje? As questões acima são algumas das perguntas que o 6º Congresso da Associação Brasileira de Filosofia da Religião quer ver sendo discutidas nos trabalhos a serem apresentados no evento. Sugestões de LeituraCOOK, Chris, POWELL, Andrew and SIMS, Andrew (eds.) Spirituality and Psychiatry. London: RC Pysch. Publications, 2009. HEELAS, Paul and WOODHEAD, Linda. The Spiritual Revolution: Why Religion is Giving Way to Spirituality. Oxford and Malden, MA: Blackwell, 2005. KNIGHT, David. Science and Spirituality: The Volatile Connection. London and New York: Routledge, 2004. SHELDRAKE, Philip. Spirituality – A very short Introduction. Oxford: OUP, 2012. VAZ, Henrique. Antropologia Filosófica, Vol. 1. Sao Paulo: Loyola, 1991. A comissão organizadora do 6º Congresso Brasileiro de Filosofia da Religião convida pesquisadores, professores e estudantes de pós-graduação e graduação nessa área acadêmica no Brasil e todos os outros países da América Latina a enviarem trabalhos a serem apresentados no evento. Os trabalhos devem lidar com o tema principal do congresso indicado acima ou um dos seguintes subtópicos: • O conceito de espiritualidade • Espiritualidade e ciências naturais • Espiritualidade e natureza humana • Espiritualidade e cultura moderna • Espiritualidade e religiões mundiais O congresso não poderá aceitar trabalhos que sejam puramente históricos ou exegéticos quanto ao foco, ou seja, a história da filosofia poderia ser usada apenas como um meio para chegar a uma nova luz ou informação acerca de alguma das Grandes Questões indicadas acima. Em outras palavras, a fim de ser aceito no congresso, os trabalhos devem se concentrar em responder os problemas envolvidos ou no tema central ou nos subtópicos que este se divide, e a história da filosofia pode ser usada apenas como meio para isso e não como fim em si mesmo. Os resumos podem ser escritos tanto em português quanto em espanhol, devem conter um mínimo de 500 e um máximo de 1.000 palavras e devem incluir o título do texto, o nome do autor (com a indicação de seu título acadêmico mais alto e a instituição à qual está ligado) e o e-mail para correspondência. O resultado da avaliação deve ser publicado até dia 3 de junho de 2015. Resumos que não estejam de acordo com o tema principal ou os subtópicos do congresso no modo indicado acima – especialmente quanto ao papel desempenhado pelas referências à história da filosofia – não serão aceitos. Textos que não estejam dentro do padrão formal acima não serão considerados para análise. No congresso, o tempo de exposição de estudantes de pós-graduação será de 20 minutos com 10 minutos de debate. Pesquisadores e professores com doutorado terão até 45 minutos de apresentação e 15 minutos de discussão. ApoioFundação John Templeton Conferencistas Principais• Eleonore Stump (University of Saint Louis – Estados Unidos) • Kelly James Clark (Grand Valley State University – Estados Unidos) • Luiz Felipe Pondé (PUC-SP) • Maria Clara Bingemer (PUC-Rio) NormasPeríodo de submissão de trabalhos: 3 de março a 3 de maio de 2015 Público alvo: estudantes de pós-graduação, professores e pesquisadores do Brasil e demais países da América Latina; estudantes de graduação poderão apresentar pôsteres de seus trabalhos de conclusão de curso e iniciação científica. Para confirmar se as oportunidades aqui mencionadas envolvem afastamento de funções e/ou certificação válida para progressão na carreira do quadro próprio do magistério, é preciso que a pessoa interessada consulte o Departamento de Recursos Humanos da Seed |